Diálogo de Iguais

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Parceria com Rafael Vendetta Soto Maior

É como se o verniz, que há tanto tempo, que usei para me proteger do mundo estivesse saindo aos poucos e que somente nesse momento, pudesse me ver e rever o que fiz.
E desprotegido, perdesse todo dia, um pedaço de mim, cujo revés, me prostrasse entre uma cama de motel vazia ou um café no centro da cidade com pouco açúcar

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Boa Esperança

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A chuva desliza em leito frouxo.
Toca a terra a beira das casas de taipa desses ermos onde terra quase não há.
Há beiras e cigarros mascados, pinguelas e cãezinhos chorosos debaixo de pontes cambeiras.
Os sapos prolongam a rouquidão da noite,
E dia não há para os olhos acordarem febris como o sol.
As cores se exilaram, e a imensidão é cinza.
As hortas afogam em prantos. Haverá fome.

Quisera o rio se acometer da frouxidão dos leitos:
Esguio, apruma o corpo com brabeza.
Grosso de barro até as tampas, lambe beiras e canelas.
Desdenha as margens e a solidão do que passa.
Surdo com seu rumor de animal enredado,
Não espera o sol desvanecer-se de sua mortalha de frio.
Corre reto deslizando nas curvas crispado de chuva e esperança vã.

Vão será o mar de mil afagos e infinitos acalantos?

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