Para um Pai:

sábado, 30 de maio de 2009

Tudo de repente para: vírgula e quem sabe adiante um ponto final....
Num domingo de abril, imaginei que fosse dia dos pais, pois tive medo de ser piegas e render-me a mais um feriado comercial. Mais, tudo isso foi medo e angústia de ver vida do meu pai terminar no mundo material e seus olhos fecharem e nunca mais, poder lhe dar um abraço ou uma palavra afetuosa.
Um nó na garganta e me debulhei em lágrimas em uma rua vazia, por todo o hiato, que não poderá ser preenchido, somente a saudade do tempo, em que sua sanidade não estava embebida em destilados e em Delirium Tremens.
Silêncio e devotei aos céus, uma extensa e cadenciada canção. Sobre as lembranças de uma infância, ao lado de alguém que ao chegar das obras, não se importava de abrir os braços e nos abraçar, mesmo com as roupas cheias de cimento e suor, com os bolsos abarrotados de doces e ainda sim, cansado procurava saber como estava indo nossas tarefas escolares e ia depois disso, jantar conosco, mesmo que fosse um simples feijão com arroz, sem mistura.

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Carta

sábado, 23 de maio de 2009

Para início de conversa, vou parafrasear um trecho da composição Inverno de Antônio Cícero e Adriana Calcanhoto.
“Faça longas cartas pra ninguém...”
Mais você me provocou a tal ponto, que deixou minhas palavras, tornaram-se visgos no canto de minha boca. Emudeci de raiva, os nobres sentimentos, viraram uma longa e afiada espada de Samurai, não senti vontade de cortar você, pois, ainda em mim, reside certo número de fragilidades, que por vezes faz desaparecer o espaço onde reside, minha beleza – a espontaneidade.
Sempre me dei melhor com palavras, do que até com outras pessoas, com os vocábulos posso moldá-los sejam, para serem tempestades ou dias ensolarados. Com a escrita, dou lugar ao que é essencial. Quando falo, por vezes me enveredo, por estradas sinuosas e derrapo, fico desnudada e indefesa, até diante de um caloroso abraço ou quando cerra de sua barba, em minha nuca.
Ser gentil e dar deveras atenção ao que dizes talvez sejam o melhor antídoto, para que ainda nossa amizade, mantenha – se luminosa e viva, mesmo com os cortes secos, que a claquete do destino dá, em nossas vidas.
Que esses escritos, não substituam as flores, e os beijos que deixe de dar-te, por pura vergonha dos monstros imaginários (medo da dependência, seja ela qual for), que me serpenteiam na madrugada.

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